"A Educação do Homem começa no momento do seu nascimento; antes de falar, antes de entender, já se instrui."
Jean Jacques Rousseau

segunda-feira, 6 de maio de 2013

PLANO DE AULA - TROVADORISMO

PLANO DE AULA


Série: 9º ano                    Ensino Fundamental II
ASSUNTO DA AULA: Trovadorismo

CONTEÚDO:

·         Introdução ao contexto histórico do Trovadorismo; Produção Literária; As cantigas de amor, amigo, escárnio e maldizer.
·         Composição de cantigas trovadorescas primitivas com composições da música popular Brasileira.

OBJETIVOS:

·         Adquirir conhecimento sobre os estilos de época.
·         Conhecer elementos estruturais e as características das cantigas do trovadorismo primitivas fazendo comparação com composições atuais da música popular Brasileira.
·         Desenvolver a capacidade de pesquisar, comparar, selecionar informações e produzir     conhecimentos. 

DURAÇÃO:

.           2 aulas

DESENVOLVIMENTO:

·         Apresentação dos alunos
·         Apresentação de slides com explicações sobre a diferença entre as cantigas líricas e satíricas, comparando as composições trovadorescas antigas e composições contemporâneas da música popular brasileira.

AVALIAÇÃO:

A avaliação será continua, observando os avanços e eventuais dificuldades, debate e perguntas ao longo da apresentação.
Participação do aluno, produção escrita sobre o trovadorismo, análise das cantigas e postagem do material e comentário no blog da classe.

RECURSOS:

·         Caneta
·         Caderno para anotações
·         Músicas
·         Arquivo com as músicas relacionadas
·         Texto / material distribuído pelo professor
·         Computador e data Show
Cantiga de amigo: canção de Martin Codaxe de Caca Moraes, ”fico assim sem você”
Cantiga de amor: canção de D.Dinis e de Seu Jorge, ”mina do condomínio”
Cantiga de mal dizer: canção de Afonso Eanes Cotone de os Caçadores, ” Dona Gigi”
Cantiga de escárnio: canção de Joan Garcia Guilhame e de Gabriel o Pensador, “ Fala sério”

COMPOSIÇÃO DE CANTIGAS TROVADORESCAS PRIMITIVAS COM COMPOSIÇÕES DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA

CANTIGA DE AMIGO

·         Amigo é uma mulher (embora os escritores fossem homens)
·         O tema principal é a lamentação da mulher pela falta do amado.
Cantiga de Amigo – Martim Codax
Cantiga de Amigo Atual - Fico assim sem você
(Abdullah / Caca Moraes)
Ondas do mar de Vigo,
Acaso vistes meu amigo? Queira Deus que ele venha cedo!

Ondas do mar agitado
Acaso vistes meu amado?
Queira Deus que ele venha cedo!

Acaso vistes meu amigo
Aquele por quem suspiro?
Queira Deus que ele venha cedo!

Acaso vistes meu amado,
Por quem tenho grande cuidado (preocupado)?
Queira Deus que ele venha cedo!
Avião sem asa,
Fogueira sem brasa,
Sou eu assim, sem você
Futebol sem bola,
Piu-piu sem Frajola,
Sou eu assim, sem você...

Porque é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil auto-falantes
Vão poder falar por mim...

Tô louco prá te ver chegar
Tô louco prá te ter nas mãos
Deitar no teu abraço
Retomar o pedaço
Que falta no meu coração...

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver,
Mas o relógio tá de mal comigo...

Por quê? Por quê?

Neném sem chupeta,
Romeu sem Julieta,
Sou eu assim, sem você
Carro sem estrada,
Queijo sem goiabada,
Sou eu assim, sem você...

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver,
Mas o relógio tá de mal comigo...

Por quê? Por quê?


CANTIGA DE MAL DIZER

·         Sátira direta.
·         Maledicência.
·         Uso de palavras obscenas ou de conteúdo erótico.
·         Citação nominal da pessoa satirizada. 
(Afonso Eanes de Coton)
“Gigi” de Os Caçadores.

Marinha, o teu folgar
tenho eu por desacertado,
e ando maravilhado

de te não ver rebentar;

pois tapo com esta minha
boca, a tua boca, Marinha;

e com este nariz meu,

tapo eu, Marinha, o teu;
com as mãos tapo as orelhas,
os olhos e as sobrancelhas,

tapo-te ao primeiro sono;

com a minha piça o teu cono;
e como o não faz nenhum,

com os colhões te tapo o cu.

E não rebentas, Marinha?


Ih dasqui ih
“eu sou a dona gigi”
Ih dasquidasquidasqui ih
"esse aqui é meu esposo"
Ih dasquidasquidasqui ih
"esse aí é seu esposo?!?"
Ih dasquidasquidasqui ih
"é sim..."
Se me vê agarrado com ela
Separa que é briga tá ligado!
Ela quer um carinho gostoso
Um bico dois soco e três cruzado!
Tá com pena leva ela pra casa
Porque nem de graça eu quero essa mulher!
Caçadores estão na pista pra dizer como ela é...
Se me vê agarrado com ela
Separa que é briga, tá ligado!
Ela quer um carinho gostoso
Um bico dois soco e três cruzado!
Tá com pena leva ela pra casa
Porque nem de graça eu quero essa mulher!
Caçadores estão na pista pra dizer como ela é...
Caolha, nariz de tomada, sem bunda, perneta,
Corpo de minhoca, banguela, orelhuda, tem unha incravada,
Com peito caido e um caroço nas costas...
Ih gente! capina, despenca,
Cai fora, vai embora ,
Se não vai dançar,
Chamei 2 guerreiros,
Bispo macedo, com padre quevedo pra te exorcisar...
Oi, vaza!
Tchatchritchatchritchatchum, tchritchatchritcha
Fede mais que um urubu,
Canhão! vou falar bem curto e grosso contigo, hein...
Já falei pra vaza!
Coisa igual nunca se viu...
Oh vai pra puxa... tu é feia...


CANTIGA DE AMOR

·         Amor do trovador pela mulher amada.
·         Mulher idealizada.
·         Contemplação platônica.
·         Sofrimento por amor.
·         Vassalagem amorosa.
·         Amor cortês.
(D. Dinis )
“Seu Jorge” Mina do Condomínio
Quer’eu em maneira de proença!
fazer agora um cantar d’amor
e querreimuit’iloarlmia senhor
a que prez nem fremosuranomfal,
nem bondade; e mais vos direi ém:
tanto a fez Deus comprida de bem
que mais que todas las do mundo val.
Ca mia senhor quizo Deus fazer tal,
quando a faz, que a fez sabedord
e todo bem e de mui gram valor,
e com tod’est[o] é mui comunal
ali u deve; erdeu-lhi bom sém,
e desinomlhi fez pouco de bem
quando nom quis lh’outra
foss’igual
Ca mia senhor nunca Deus pôs mal,
mais pôs i prez e beldad’eloor
e falar mui bem, e riir melhor
que outra molher; desi é leal
muit’, e por estonom sei oj’eu quem
possa compridamente no seu bem
falar, canom á, tra-lo seu bem, al.
Tô namorando aquela mina
Mas não sei se ela me namora
Mina maneira do condomínio
Lá do bairro onde eu moro Seu cabelo me alucina
Sua boca me devora
Sua voz me ilumina
Seu olhar me apavora
Me perdi no seu sorriso
Nem preciso me encontrar
Não me mostre o paraíso
Que se eu for, não vou voltar
Pois eu vou
Eu vou
Eu digo "oi" ela nem nada
Passa na minha calçada
Dou bom dia ela nem liga
Se ela chega eu paro tudo
Se ela passa eu fico doido
Se vem vindo eu faço figa
Eu mando um beijo ela não pega
Pisco olho ela se nega
Faço pose ela não vê
Jogo charme ela ignora
Chego junto ela sai fora
Eu escrevo ela não lê
Minha mina
Minha amiga
Minha namorada
Minha gata
Minha sina
Do meu condomínio
Minha musa
Minha vida
Minha monalisa
Minha vênus
Minha deusa
Quero seu fascínio
(desde o começo)
Minha namorada
Do meu condomínio
Minha monalisa
Quero seu fascínio


CANTIGA DE ESCÁRNIO

·         Referências indiretas
·         Ironia
·         Não se revela o nome da pessoa satirizada
Joan Garcia de Guilhade

Fala Sério “Gabriel O Pensador

Ai, dona fea, fostes-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, se Deus mi pardom,
pois avedes [a]tamgramcoraçom
que vos eu loe, em esta razom
vos quero jaloar toda via;
e vedes qual sera a loaçom:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
em meu trobar, pero muito trobei;
mais ora ja um bom cantrar farei,
em que vos loarei toda via;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!
Fala sério, me fazendo de palhaço
Fazendo estardalhaço
De onde vem o dinheiro do mensalão?
Olha a nuvem de fumaça desviando a atenção
Tem culpa eu, seu delegado?
Tem culpa eu?
Tem culpa eu, seu deputado?
Tem culpa eu?
Tem culpa eu, seu senador?
Tem culpa eu?
Tem culpa eu, presidente?
Por favor!
Por que divulgar uma conversa sem valor?
Por quê?
Pra tentar calar a voz do pensador?
Por quê?
Pra tentar pegar uma capa de revista?
Por quê?
Pra dizer que a culpa é toda dos artistas?
Por quê?
Ah não, artista não. É maconheiro!
Sustenta o traficante que sustenta o mundo inteiro
Se eu fosse um maconheiro que comprasse um camarão,
Será que o meu dinheiro ia parar no mensalão?
Não sei, só sei que eu não preciso dizer nada
Se eu fumo, se eu bebo... tremenda palhaçada!
Falei sobre a maconha há mais de 6 anos atrás
Compra o disco, delegado, toca o Cachimbo da Paz
Ou então pode comprar o CD pirata
Tem sempre alí na esquina, pode ser mais vantajoso,
Mas cuidado pra não ser pego em flagrante
Posar de vagabundo sustentando criminoso.
Todos nós sustentamos criminosos,
Eu confesso que sustento,
Sustento, mas não gosto.
Mas não é nada disso que você tá pensando
Eu tô falando dos bandidos que recebem meus impostos.
Alimentam, se alimentam da miséria,
Mas quem vai na favela é o craque ou o artista
A foto do corrupto já deu muita matéria
A foto do famoso vende muito mais revista.
É...político no crime já não é mais novidade
Prefiro uma fofoca diferente
Mesmo se não for crime de verdade,
Mas é celebridade. Diz que é crime pra ficar mais atraente,
Mas quem é que alimenta a miséria que oprime
E empurra o favelado pro lado do crime?
Alguns vão ser cantores, alguns vão jogar bola,
Mas muitos sem escola acabam na pistola.
Morrendo, matando, o mundo se acabando
E tanta gente de braços cruzados.
Parece que ta tudo combinado
O que eu sei vocês já sabem
Espero que eu tenha colaborado


RESULTADO ESPERADO:

Espera-se que o aluno:
·         Compreenda que a produção literária está interligada aos momentos históricos e sociais
·         Conheça a produção literária do trovadorismo
·         Seja capaz de identificar as principais características das cantigas trovadorescas

 

REFERÊNCIAS

AMARAL, Emília [etal].Português. São Paulo: FTD, 2000. Pág 32 a 40.
Trovadorismo. Disponível em: < http://letrasliteratura-trovadorismo.blogspot.com.br/2012/05/plano-de-aula-serie-1-ano-ensino-medio.html>. Acesso em 04 Maio 2013.
Trovadorismo. Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/trovadorismo/trovadorismo.php>.Acesso em 04 Maio 2013.
Trovadorismo. Disponível em: <http://recantodasletrasuniderp.blogspot.com.br/2012/06/planejamento-de-aula-trovadorismo.html>. Acesso em 05 Maio 2013.
Mina Do Condomínio.Disponível em: <http://letras.terra.com.br/seu-jorge/1089752/ > Acesso em 05 Maio 2012
MASSAUD, Moises. A Literatura portuguesa através dos textos. São Paulo, Cultrix: 1ª edição, 1968.
               Postado por: Maria dos Anjos em 06/05/13 - 08h:19m

4 comentários:

  1. Bom conteúdo, Maria dos Anjos. Mas quanto tempo duraria essa atividade.? Não está muito longa?

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  2. Professora, reduzirei para 90 minutos o que significa tempo para 2 aulas de 45 minutos cada. Desculpe, não percebi que 100 minutos ultrapassam o tempo de aula normal.
    Grata pela observação!
    Abs
    Maria dos Anjos

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  3. Parabéns pelo conteúdo! Ficou mais fácil para a compreensão do aluno.

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