Abaixo tem uma produção pessoal do que poderia ser considerada uma cantiga de amor/ amigo.
O texto ainda não foi avaliado e revisado, portanto pode sofrer alterações e adaptações
"A intenção o era falar-lhe como falo a ti, amiga.
Mas antes das palavras surgiram olhares incertos, que fizeram incertas
As primeiras palavras.
Passada a confusão enfim falamo-nos
e intenções foram reveladas: quero ter a ti como uma amiga amada.
Por um breve momento tudo se encaixou. Passeios amigos e conversa sobre quem lhe deixou.
Mas os olhos traem a palavra, e as mãos tremulam ao percebê-la.
Me desviei, desorientada, ja prometida, enlouquecida.
"Deixemos para compartilhar apenas o amor pela cantiga"
Mas ah o olhar...grande traidor, deixa-nos incertos, sem querer afastar o que está perto, procurando uma solução.
Recua, recua. Feito será.
Mas espera quieta, na espreita, afim de sentir outra vez as trêmulas mãos.
Quando questionada sobre seu olhar de ressaca, ou seria olhar de cigana oblíqua? Que tanto divagas? "Napa penso, só dispenso, querida amiga..."
Postado por:
Livia Amaral
"A Educação do Homem começa no momento do seu nascimento; antes de falar, antes de entender, já se instrui."
Jean Jacques Rousseau
Jean Jacques Rousseau
segunda-feira, 6 de maio de 2013
PLANO DE AULA - TROVADORISMO
PLANO DE AULA
Série: 9º ano Ensino Fundamental II
ASSUNTO DA AULA: Trovadorismo
CONTEÚDO:
· Introdução ao contexto histórico do Trovadorismo; Produção Literária; As cantigas de amor, amigo, escárnio e maldizer.
· Composição de cantigas trovadorescas primitivas com composições da música popular Brasileira.
OBJETIVOS:
· Adquirir conhecimento sobre os estilos de época.
· Conhecer elementos estruturais e as características das cantigas do trovadorismo primitivas fazendo comparação com composições atuais da música popular Brasileira.
· Desenvolver a capacidade de pesquisar, comparar, selecionar informações e produzir conhecimentos.
DURAÇÃO:
. 2 aulas
DESENVOLVIMENTO:
· Apresentação dos alunos
· Apresentação de slides com explicações sobre a diferença entre as cantigas líricas e satíricas, comparando as composições trovadorescas antigas e composições contemporâneas da música popular brasileira.
AVALIAÇÃO:
A avaliação será continua, observando os avanços e eventuais dificuldades, debate e perguntas ao longo da apresentação.
Participação do aluno, produção escrita sobre o trovadorismo, análise das cantigas e postagem do material e comentário no blog da classe.
RECURSOS:
· Caneta
· Caderno para anotações
· Músicas
· Arquivo com as músicas relacionadas
· Texto / material distribuído pelo professor
· Computador e data Show
Cantiga de amigo: canção de Martin Codaxe de Caca Moraes, ”fico assim sem você”
Cantiga de amor: canção de D.Dinis e de Seu Jorge, ”mina do condomínio”
Cantiga de mal dizer: canção de Afonso Eanes Cotone de os Caçadores, ” Dona Gigi”
Cantiga de escárnio: canção de Joan Garcia Guilhame e de Gabriel o Pensador, “ Fala sério”
COMPOSIÇÃO DE CANTIGAS TROVADORESCAS PRIMITIVAS COM COMPOSIÇÕES DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA
CANTIGA DE AMIGO
· Amigo é uma mulher (embora os escritores fossem homens)
· O tema principal é a lamentação da mulher pela falta do amado.
Cantiga de Amigo – Martim Codax
|
Cantiga de Amigo Atual - Fico assim sem você
(Abdullah / Caca Moraes) |
Ondas do mar de Vigo,
Acaso vistes meu amigo? Queira Deus que ele venha cedo!
Ondas do mar agitado
Acaso vistes meu amado?
Queira Deus que ele venha cedo!
Acaso vistes meu amigo
Aquele por quem suspiro?
Queira Deus que ele venha cedo!
Acaso vistes meu amado,
Por quem tenho grande cuidado (preocupado)?
Queira Deus que ele venha cedo!
|
Avião sem asa,
Fogueira sem brasa, Sou eu assim, sem você Futebol sem bola, Piu-piu sem Frajola, Sou eu assim, sem você... Porque é que tem que ser assim? Se o meu desejo não tem fim Eu te quero a todo instante Nem mil auto-falantes Vão poder falar por mim... Tô louco prá te ver chegar Tô louco prá te ter nas mãos Deitar no teu abraço Retomar o pedaço Que falta no meu coração... Eu não existo longe de você E a solidão é o meu pior castigo Eu conto as horas pra poder te ver, Mas o relógio tá de mal comigo... Por quê? Por quê? Neném sem chupeta, Romeu sem Julieta, Sou eu assim, sem você Carro sem estrada, Queijo sem goiabada, Sou eu assim, sem você... Eu não existo longe de você E a solidão é o meu pior castigo Eu conto as horas pra poder te ver, Mas o relógio tá de mal comigo... Por quê? Por quê? |
CANTIGA DE MAL DIZER
· Sátira direta.
· Maledicência.
· Uso de palavras obscenas ou de conteúdo erótico.
· Citação nominal da pessoa satirizada.
(Afonso Eanes de Coton)
|
“Gigi” de Os Caçadores.
|
Marinha, o teu folgar
tenho eu por desacertado, e ando maravilhado de te não ver rebentar; pois tapo com esta minha boca, a tua boca, Marinha; e com este nariz meu, tapo eu, Marinha, o teu; com as mãos tapo as orelhas, os olhos e as sobrancelhas, tapo-te ao primeiro sono; com a minha piça o teu cono; e como o não faz nenhum, com os colhões te tapo o cu. E não rebentas, Marinha? |
Ih dasqui ih
“eu sou a dona gigi” Ih dasquidasquidasqui ih "esse aqui é meu esposo" Ih dasquidasquidasqui ih "esse aí é seu esposo?!?" Ih dasquidasquidasqui ih "é sim..." Se me vê agarrado com ela Separa que é briga tá ligado! Ela quer um carinho gostoso Um bico dois soco e três cruzado! Tá com pena leva ela pra casa Porque nem de graça eu quero essa mulher! Caçadores estão na pista pra dizer como ela é... Se me vê agarrado com ela Separa que é briga, tá ligado! Ela quer um carinho gostoso Um bico dois soco e três cruzado! Tá com pena leva ela pra casa Porque nem de graça eu quero essa mulher! Caçadores estão na pista pra dizer como ela é... Caolha, nariz de tomada, sem bunda, perneta, Corpo de minhoca, banguela, orelhuda, tem unha incravada, Com peito caido e um caroço nas costas... Ih gente! capina, despenca, Cai fora, vai embora , Se não vai dançar, Chamei 2 guerreiros, Bispo macedo, com padre quevedo pra te exorcisar... Oi, vaza! Tchatchritchatchritchatchum, tchritchatchritcha Fede mais que um urubu, Canhão! vou falar bem curto e grosso contigo, hein... Já falei pra vaza! Coisa igual nunca se viu... Oh vai pra puxa... tu é feia... |
CANTIGA DE AMOR
· Amor do trovador pela mulher amada.
· Mulher idealizada.
· Contemplação platônica.
· Sofrimento por amor.
· Vassalagem amorosa.
· Amor cortês.
(D. Dinis )
|
“Seu Jorge” Mina do Condomínio
|
Quer’eu em maneira de proença!
fazer agora um cantar d’amor e querreimuit’iloarlmia senhor a que prez nem fremosuranomfal, nem bondade; e mais vos direi ém: tanto a fez Deus comprida de bem que mais que todas las do mundo val. Ca mia senhor quizo Deus fazer tal, quando a faz, que a fez sabedord e todo bem e de mui gram valor, e com tod’est[o] é mui comunal ali u deve; erdeu-lhi bom sém, e desinomlhi fez pouco de bem quando nom quis lh’outra foss’igual Ca mia senhor nunca Deus pôs mal, mais pôs i prez e beldad’eloor e falar mui bem, e riir melhor que outra molher; desi é leal muit’, e por estonom sei oj’eu quem possa compridamente no seu bem falar, canom á, tra-lo seu bem, al. |
Tô namorando aquela mina
Mas não sei se ela me namora Mina maneira do condomínio Lá do bairro onde eu moro Seu cabelo me alucina Sua boca me devora Sua voz me ilumina Seu olhar me apavora Me perdi no seu sorriso Nem preciso me encontrar Não me mostre o paraíso Que se eu for, não vou voltar Pois eu vou Eu vou Eu digo "oi" ela nem nada Passa na minha calçada Dou bom dia ela nem liga Se ela chega eu paro tudo Se ela passa eu fico doido Se vem vindo eu faço figa Eu mando um beijo ela não pega Pisco olho ela se nega Faço pose ela não vê Jogo charme ela ignora Chego junto ela sai fora Eu escrevo ela não lê Minha mina Minha amiga Minha namorada Minha gata Minha sina Do meu condomínio Minha musa Minha vida Minha monalisa Minha vênus Minha deusa Quero seu fascínio (desde o começo) Minha namorada Do meu condomínio Minha monalisa Quero seu fascínio |
CANTIGA DE ESCÁRNIO
· Referências indiretas
· Ironia
· Não se revela o nome da pessoa satirizada
Joan Garcia de Guilhade
|
Fala Sério “Gabriel O Pensador”
|
Ai, dona fea, fostes-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu cantar; mais ora quero fazer um cantar em que vos loarei toda via; e vedes como vos quero loar: dona fea, velha e sandia! Dona fea, se Deus mi pardom, pois avedes [a]tamgramcoraçom que vos eu loe, em esta razom vos quero jaloar toda via; e vedes qual sera a loaçom: dona fea, velha e sandia! Dona fea, nunca vos eu loei em meu trobar, pero muito trobei; mais ora ja um bom cantrar farei, em que vos loarei toda via; e direi-vos como vos loarei: dona fea, velha e sandia! |
Fala sério, me fazendo de palhaço
Fazendo estardalhaço De onde vem o dinheiro do mensalão? Olha a nuvem de fumaça desviando a atenção
Tem culpa eu, seu delegado?
Tem culpa eu? Tem culpa eu, seu deputado? Tem culpa eu? Tem culpa eu, seu senador? Tem culpa eu? Tem culpa eu, presidente? Por favor!
Por que divulgar uma conversa sem valor?
Por quê? Pra tentar calar a voz do pensador? Por quê? Pra tentar pegar uma capa de revista? Por quê? Pra dizer que a culpa é toda dos artistas? Por quê?
Ah não, artista não. É maconheiro!
Sustenta o traficante que sustenta o mundo inteiro Se eu fosse um maconheiro que comprasse um camarão, Será que o meu dinheiro ia parar no mensalão?
Não sei, só sei que eu não preciso dizer nada
Se eu fumo, se eu bebo... tremenda palhaçada! Falei sobre a maconha há mais de 6 anos atrás Compra o disco, delegado, toca o Cachimbo da Paz Ou então pode comprar o CD pirata Tem sempre alí na esquina, pode ser mais vantajoso, Mas cuidado pra não ser pego em flagrante Posar de vagabundo sustentando criminoso.
Todos nós sustentamos criminosos,
Eu confesso que sustento, Sustento, mas não gosto. Mas não é nada disso que você tá pensando Eu tô falando dos bandidos que recebem meus impostos. Alimentam, se alimentam da miséria, Mas quem vai na favela é o craque ou o artista A foto do corrupto já deu muita matéria A foto do famoso vende muito mais revista. É...político no crime já não é mais novidade Prefiro uma fofoca diferente Mesmo se não for crime de verdade, Mas é celebridade. Diz que é crime pra ficar mais atraente, Mas quem é que alimenta a miséria que oprime E empurra o favelado pro lado do crime?
Alguns vão ser cantores, alguns vão jogar bola,
Mas muitos sem escola acabam na pistola. Morrendo, matando, o mundo se acabando E tanta gente de braços cruzados. Parece que ta tudo combinado O que eu sei vocês já sabem Espero que eu tenha colaborado |
RESULTADO ESPERADO:
Espera-se que o aluno:
· Compreenda que a produção literária está interligada aos momentos históricos e sociais
· Conheça a produção literária do trovadorismo
· Seja capaz de identificar as principais características das cantigas trovadorescas
REFERÊNCIAS
AMARAL, Emília [etal].Português. São Paulo: FTD, 2000. Pág 32 a 40.
Trovadorismo. Disponível em: < http://letrasliteratura-trovadorismo.blogspot.com.br/2012/05/plano-de-aula-serie-1-ano-ensino-medio.html>. Acesso em 04 Maio 2013.
Trovadorismo. Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/trovadorismo/trovadorismo.php>.Acesso em 04 Maio 2013.
Trovadorismo. Disponível em: <http://recantodasletrasuniderp.blogspot.com.br/2012/06/planejamento-de-aula-trovadorismo.html>. Acesso em 05 Maio 2013.
Mina Do Condomínio.Disponível em: <http://letras.terra.com.br/seu-jorge/1089752/ > Acesso em 05 Maio 2012
MASSAUD, Moises. A Literatura portuguesa através dos textos. São Paulo, Cultrix: 1ª edição, 1968.
domingo, 5 de maio de 2013
CANTIGA DA RIBEIRINHA
Como foi mencionado anteriormente, a Cantiga da Ribeirinha é considerado o texto mais antigo em galego português.
abaixo segue o poema que serviu como modelo:
"No mundo non me sei parelha,
mentre me for' como me vai,
ca ja moiro por vós - e ai!
mia senhor branca e vermelha,
Queredes que vos retraia
quando vos eu vi em saia!
Mao dia me levantei,
que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, des aquel di', ai!
me foi a mi muin mal,
e vós, filha de don Paai
Moniz, e ben vos semelha
d'haver eu por vós guarvaia,
pois eu, mia senhor, d'alfaia
Nunca de vós ouve nem ei
valía d'ũa correa."
mentre me for' como me vai,
ca ja moiro por vós - e ai!
mia senhor branca e vermelha,
Queredes que vos retraia
quando vos eu vi em saia!
Mao dia me levantei,
que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, des aquel di', ai!
me foi a mi muin mal,
e vós, filha de don Paai
Moniz, e ben vos semelha
d'haver eu por vós guarvaia,
pois eu, mia senhor, d'alfaia
Nunca de vós ouve nem ei
valía d'ũa correa."
Reproduzido em português atual:
"No mundo ninguém se assemelha a mim
Enquanto a vida continuar como vai,
Porque morro por vós e - ai! -
Minha senhora alva e de pele rosadas,
Quereis que vos retrate
Quando eu vos vi sem manto.
Maldito seja o dia em que me levantei
E então não vos vi feia!
E minha senhora, desde aquele dia, ai!
Tudo me ocorreu muito mal!
E a vós, filha de Dom Paio
Moniz, parece-vos bem
Que me presenteeis com uma guarvaia,
Pois eu, minha senhora, como presente,
Nunca de vós recebera algo,
Mesmo que de ínfimo valor."
Enquanto a vida continuar como vai,
Porque morro por vós e - ai! -
Minha senhora alva e de pele rosadas,
Quereis que vos retrate
Quando eu vos vi sem manto.
Maldito seja o dia em que me levantei
E então não vos vi feia!
E minha senhora, desde aquele dia, ai!
Tudo me ocorreu muito mal!
E a vós, filha de Dom Paio
Moniz, parece-vos bem
Que me presenteeis com uma guarvaia,
Pois eu, minha senhora, como presente,
Nunca de vós recebera algo,
Mesmo que de ínfimo valor."
Fonte:
Nicola, J. Literatura portuguesa da Idade Média a Fernando Pessoa. São Paulo: Scipione, 1992. ed. 2. p. 28. ISBN 85-262-1623-6
Ainda encontramos uma reprodução em audio da cantiga com a base musical de "Asa branca" de Luiz Gonzaga.
Livia Amaral
Cantiga Galego Portuguesa
Logo abaixo temos uma canção galego portuguesa, que puxa para o tema da canção de amigo.
Não foi possível pesquisar a fonte, uma vez que as canções foram compartilhadas via rede social, assim como não é possível saber se o ritmo produzido é o original da canção.
De toda forma, é uma bela produção e que esta a disposição para qualquer interessado no assunto:
Livia Amaral
PLANO DE AULA PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO
Poesia trovadoresca e sua relação com a música popular
Objetivo
- apresentar a poesia trovadoresca e suas características de
forma e conteúdo;
- identificar a estreita relação da poesia trovadoresca com a
música e reconhecer os efeitos de sentido decorrentes desta relação;
- relacionar a poesia trovadoresca com a música popular
contemporânea e identificar as possíveis semelhanças temáticas e formais.
Duração das atividades
- 4 aulas
Organização da sala
- pequenos grupos de alunos que pesquisarão e discutirão sobre
o tema.
Recursos didáticos
- Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com os alunos.
- Habilidades básicas de leitura e escrita.
- Conhecimento histórico sobre o período trovadoresco.
- Utilização do laboratório de informática e da biblioteca.
Desenvolvimento das atividades
1ª aula
Para a primeira atividade apresentar para os alunos as imagens
abaixo, disponíveis nos respectivos sites:
Solicitar para que levantem hipóteses sobre a origem dessas
imagens e sobre quem podem ser esses indivíduos representados nelas.
Após as hipóteses, espera-se que os alunos, ao menos,
aproximem seus apontamentos em relação ao período histórico, a Idade Média, por
causa das vestes e das características dos instrumentos musicais. Em relação ao
papel dos indivíduos retratados na imagem, provavelmente, os alunos irão
defini-los como músicos, devido aos instrumentos empunhados por eles e às
pautas inscritas ao fundo na segunda imagem.
Tendo em vista essa relação apresentar a seguinte questão para
um debate:
O que esses homens têm a ver com
a poesia?
No princípio pode sobressair a dúvida, por não haver
referências na imagem à linguagem poética, principalmente a escrita, mas aos
poucos deve inserir elementos com algumas dicas históricas, como o
questionamento sobre a definição de "trova", para que os
alunos compreendam que esses cantadores também eram poetas, muitas vezes mais
poetas do que músicos.
Mais uma vez o estimular os alunos a demonstrar seus
conhecimentos históricos, perguntando, por exemplo, o que sabem sobre
trovadores, vates e menestréis?
Levá-los para o laboratório de informática ou biblioteca para
que consultem alguma enciclopédia para o esclarecimento de quem foram esses
cantadores e do contexto em que viviam.
Daí ficará esclarecido que trovadores, vates e menestréis eram
os cantadores, que portando instrumentos como o alaúde, a lira, a flauta, e
outros, levavam para a corte, e mesmo para os plebeus, na Idade Média, o
conhecimento de histórias de outros reinos e lugares distantes, além da
expressão sentimental de seus versos cantados.
É importante que fique claro para os alunos que a poesia na
época dos trovadores era oral, sendo registrada apenas mais tarde em
cancioneiros, e por isso era acompanhada da música para facilitar a
continuidade do ritmo e a memorização dos textos. Consequentemente, esses
poemas cantados passaram a ser chamados cantigas.
As cantigas, geralmente, eram acompanhadas por um coro e por
instrumentos musicais. Seu público não era constituído de leitores, mas de
ouvintes. Era, portanto, poesia intimamente ligada à música, própria para
apresentações coletivas.
As cantigas compostas pelos trovadores eram musicadas e
interpretadas pelos jograis, pelo segrel e pelo menestrel (gente humilde que
sobrevivia cantando em público), artistas agregados às cortes ou que
perambulavam pelas cidades e feiras. Os trovadores eram quase sempre de origem
nobre.
Após essas informações contextuais, adquiridas com a pesquisa,
a classe pode chegar a uma conclusão sobre as características das cantigas.
Dividir a sala em grupos e pedir que exponham para os colegas os dados
coletados na pesquisa, além da conclusão de cada grupo.
2ª aula
Para a segunda atividade apresentar para os alunos as
características dos gêneros das cantigas:
Lírico (amor e amigo) e Satírico (escárnio e maldizer).
As cantigas de escárnio e maldizer são a primeira
manifestação da sátira na literatura portuguesa. Menos presas a modelos e
convenções do que as cantigas de amigo e de amor, as cantigas satíricas
buscaram um caminho poético próprio voltando-se para a crítica dos costumes,
tendo como alvo diferentes personalidades da sociedade portuguesa: clérigos
devassos, cavaleiros e nobres covardes, prostitutas, alguns trovadores e
jograis, as soldadeiras (mulheres que cantavam e dançavam durante as
apresentações). Há uma pequena diferença entre esses dois tipos de cantiga:
enquanto na cantiga de escárnio o nome da pessoa satirizada não é revelada, na
cantiga de maldizer fica claro para quem é a sátira, sendo a linguagem da
segunda mais direta e obscena.
Para esta aula, é necessário dar mais atenção às cantigas
de amor e de amigo.
Abaixo um exemplo de cantiga de amigo onde o trovador Julião Bolseiro, o
diálogo se estabelece entre a mulher apaixonada e sua filha, que impede a mãe
de ver seu amado:
Mal
me tragedes, ai filha,
porque quer ‘ aver amigo
e pois eu com vosso medo
non o ei, nen é comigo,
no ajade-la mia graça
e dê-vos Deus, ai mia filha,
filha que vos assi faça,
filha que vos assi faça.
Sabedes ca sen amigo
nunca foi molher viçosa,
e, porque mi-o non leixades
ver, mia filha fremosa,
no ajade-la mia graça
e dê-vos Deus, ai mia filha,
filha que vos assi faça,
filha que vos assi faça.
porque quer ‘ aver amigo
e pois eu com vosso medo
non o ei, nen é comigo,
no ajade-la mia graça
e dê-vos Deus, ai mia filha,
filha que vos assi faça,
filha que vos assi faça.
Sabedes ca sen amigo
nunca foi molher viçosa,
e, porque mi-o non leixades
ver, mia filha fremosa,
no ajade-la mia graça
e dê-vos Deus, ai mia filha,
filha que vos assi faça,
filha que vos assi faça.
Pois
eu non ei meu amigo,
non ei ren do que desejo,
mais, pois que mi por vós v~eo
Mia filha, que o non vejo,
no ajade-la mia graça
e dê-vos Deus, ai mia filha,
filha que vos assi faça,
filha que vos assi faça.
Por vós perdi meu amigo,
por que gran coita padesco,
e, pois que mi-o vós tolhestes
e melhor ca vós paresco
no ajade-la mia graça
e dê-vos Deus, ai mia filha,
filha que vos assi faça,
filha que vos assi faça
non ei ren do que desejo,
mais, pois que mi por vós v~eo
Mia filha, que o non vejo,
no ajade-la mia graça
e dê-vos Deus, ai mia filha,
filha que vos assi faça,
filha que vos assi faça.
Por vós perdi meu amigo,
por que gran coita padesco,
e, pois que mi-o vós tolhestes
e melhor ca vós paresco
no ajade-la mia graça
e dê-vos Deus, ai mia filha,
filha que vos assi faça,
filha que vos assi faça
Solicitar aos alunos, após a leitura da cantiga que apontem
seus elementos característicos,sendo: temática; eu lírico; forma paralelística;
refrão.
A temática das cantigas de amigo é variada:
(a) a separação do namorado, que parte em alguma expedição
militar e a espera de seu retorno;
(b) a romaria a lugares santos, onde a donzela busca uma
conquista amorosa, através da dança;
(c) as bailadas, que versam exclusivamente o tema da dança;
(d) as marinhas ou barcarolas, à beira do mar;
(e) o tema das tecedeiras, no interior dos lares;
(f) e o tema das chamadas cantigas de fonte, onde as donzelas
iam lavar os cabelos ou mesmo a roupa, encontrando-se então com os namorados.
Em alguns casos, os temas se confundem, há uma fusão. Na forma
paralelística da cantiga de amigo, a unidade rítmica não é a estrofe, mas o par
de estrofes ou o par de dísticos (dois versos). Ambos os dísticos dizem a mesma
coisa, diferindo quase só nas palavras em rima. O último verso de cada estrofe,
quase sempre, é o primeiro verso das estrofes no par seguinte. Assim, nessa
estrutura paralelística, observa-se que os versos de um par de estrofes se
repetem no outro par sem sofrer alteração de sentido, somente na forma se
alteram, e são seguidos de refrão, como no exemplo.
Abaixo uma cantiga de amor do século XIII, do trovador
Joan Garcia de Guilhade:
Amigos, non poss’eu negar
a gram coita que d’amor hei,
ca me vejo sandeu andar,
e com sandece o direi:
os olhos verdes que eu vi
me fazem ora andar assi.
Pero quenquer x’entenderá
aquestes olhos quaes som,
e d’est alguem se queixará,
mais eu, já quer moiro ou non:
os olhos verdes que eu vi
me fazem ora andar assi.
me fazem ora andar assi.
Pero non devi’ a perder
home que já o sem non há,
de com sandece rem dizer,
e com sandece dig’ eu já;
os olhos verdes que eu vi
me fazem ora andar assi.
Após a leitura da cantiga, solicitar aos alunos que apontem no
caderno os elementos característicos das cantigas de amor: temática; eu lírico;
expressão do amor cortês
3ª aula
Antes de apresentar alguns textos de nossa música popular, que
trazem as características das cantigas trovadorescas, mostrar aos alunos a
imagem do "Violeiro" (1899), do pintor Almeida Júnior. Solicitar que
destaquem algumas particularidades da imagem:
O que faz o homem ao centro?
Para quem ele dirige sua cantiga?
Em que ambiente ele se encontra (urbano ou rural)?
Disponível em: http://www.cecac.org.br/Artes_Almeida_Jr.htm
Após a participação dos alunos, explicar qual a relação entre
o meio rural, o caipira, seu violão e sua amada.
O violeiro é um cantador solitário como eram os trovadores e
menestréis e é com sua cantiga que se comunica com a amada (senhora). Salvo as
diferenças culturais e históricas, podemos perceber as semelhanças entre esse
cantador sertanejo e os poetas trovadores (principalmente o das cantigas de
amigo, que tematizam a simplicidade do ambiente campestre e a cultura popular,
embora este eu lírico seja geralmente feminino, cabendo ao eu lírico masculino
a expressão nas cantigas de amor).
Na nossa música popular também ocorrem algumas manifestações
desses cantadores que se assemelham aos trovadores. Alguns deles são fiéis à
estrutura de composição, à temática medieval e a uma variante arcaica ou
regionalista da língua, com termos de pouco uso contemporâneo, sobretudo nos
ambientes urbanos. Isso faz com que suas cantigas estejam muito próximas das
medievais, considerando a distância temporal de 1000 anos, ao mesmo tempo que
são um exemplo típico da cultura do sertão brasileiro.
Um dos maiores exemplos da tradição do cantador, na
atualidade, é Elomar Figueira de Melo.
Abaixo a canção "O Violêro", que expressa muito bem
qual a função do "errante" dessa "mudernage". Após se apresentar,
revelar sua crença religiosa e dizer que já cantou em um castelo (referências
ao medievalismo), o trovador ressalta que o que mais vale para ele é a música,
a liberdade e o amor: "viola, furria, amô, dinhêro não". É o que
canta até o fim, independente de sua penúria: "sem um tustão na cuia u
cantadô/ canta inté morrê o bem do amô".
O Violêro
Vô cantá no canturi primero
as coisa lá da minha mudernage
qui mi fizero errante e violêro
eu falo séro i num é vadiage
i pra você qui agora está mi ôvino
juro inté pelo Santo Minino
Vige Maria qui ôve o qui eu digo
si fô mintira mi manda um castigo
Apois pro cantadô i violero
só hai treis coisa nesse mundo vão
amô, furria, viola, nunca dinhêro
viola, furria, amô, dinhêro não
Cantadô di trovas i martelo
di gabinete, ligêra i moirão
ai cantadô já curri o mundo intêro
já inté cantei nas portas di um castelo
dum rei qui si chamava di Juão
pode acriditá meu companhêro
dispois di tê cantado u dia intêro
o rei mi disse fica, eu disse não
o rei mi disse fica, eu disse não
Si eu tivesse di vivê obrigado
um dia inantes dêsse dia eu morro
Deus feis os homi e os bicho tudo fôrro
já vi iscrito no Livro Sagrado
qui a vida nessa terra é u'a passage
i cada um leva um fardo pesado
é um insinamento qui derna a mudernage
eu trago bem dent' do coração guardado
Tive muita dô di num tê nada
pensano qui êsse mundo é tud'tê
mais só dispois di pená pelas istrada
beleza na pobreza é qui vim vê
vim vê na procissão u Lôvado-seja
i o malassombro das casa abandonada
côro di cego nas porta das igreja
i o êrmo da solidão das istrada
Pispiano tudo du cumêço
eu vô mostrá como faiz o pachola
qui inforca u pescoço da viola
rivira toda moda pelo avêsso
i sem arrepará si é noite ou dia
vai longe cantá o bem da furria
sem um tustão na cuia u cantadô
canta inté morrê o bem do amô.
letra disponível em: http://www.elomar.com.br/discografia/letras/violero.html
4ª aula
Após a apresentação do artista realizada na terceira aula,
instrua os alunos a pesquisar na internet sobre a figura de Elomar, basta uma
busca rápida para encontrar o sítio, ou melhor, a "porteira" do
cantador e lá terão matéria para uma pesquisa mais que confiável.
Link: http://www.elomar.com.br/
Instrua os alunos a fazer uma análise comparativa entre as
cantigas trovadorescas e essa manifestação semelhante na nossa música popular e
verdadeiramente sertaneja.
Após a atividade de escuta, leitura e análise os grupos
deverão apresentar suas conclusões sobre a aproximação entre a música popular
brasileira e a poesia trovadoresca.
Avaliação
Para a avaliação podem ser explorados os exemplos das cantigas
de Elomar. Divida-as em grupos de alunos solicitando para que pesquisem em
algum site onde é possível baixar músicas e depois de ouvir e ler as cantigas,
cada grupo deve apresentar para o restante da turma apontando os aspectos que
as fazem semelhantes às cantigas dos trovadores medievais.
A atividade permitirá não só o estudo de um gênero poético
importante, pois trata-se das origens de nossa poesia e de nossa língua
portuguesa, além da exploração da relação muito íntima entre a música e a
poesia. Este aspecto permite entender o valor de artistas como Elomar,
que mantém viva essa tradição medieval dos cantadores e menestréis, mesmo que
modificada pelo tempo, e que nos leva a tocar as raízes de um de nossos troncos
culturais.
Atividades complementares ao longo do ano letivo:
Programar atividades de ida ao laboratório de informática e à
biblioteca ao longo do ano, para pesquisa de novas e maiores informações sobre
o Trovadorismo, sempre trabalhando com a sala a Sondagem Diagnóstica em Roda de
Conversa, expondo seu conhecimento histórico sobre o período trovadoresco e
exclarecendo as dúvidas dos alunos.
Bibliografia:
UOL.
Português . Disponível em:<http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/trovadorismo---poesia-cantigas-de-amor-de-amigo-e-de-escarnio-e-maldizer.htm>. Acesso
em: 01 mai. 2013
BRASIL
ESCOLA. Literatura. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/literatura/trovadorismo.htm>.Acesso
em: 01 mai. 2013
INFO ESCOLA.
Movimentos Culturais. Disponível em: <http://www.infoescola.com/movimentos-culturais/trovadorismo/>.
Acesso em: 01 mai. 2013
MEC. Ficha
Tecnica Aula. Disponível em: <http://portaldoprofessorhmg.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=37295>.
Acesso em: 01 mai. 2013
RICARDO
COSTA. Textos Trovadorismo. Disponível em: <http://www.ricardocosta.com/textos/guilherme2.htm >.
Acesso em: 01
mai. 2013
ELOMAR.
Discografia. Disponível em: <http://www.elomar.com.br/discografia/letras/violero.html >.
Acesso em: 01
mai. 2013
ELOMAR.
Disponível em:<http://www.elomar.com.br/
>. Acesso em: 01
mai. 2013
CECAC. Artes. Disponível em: <http://www.cecac.org.br/Artes_Almeida_Jr.htm
>. Acesso em: 01 mai. 2013
Postado por Edna M. Borges em 05/05/13 - 12h:58m
quarta-feira, 1 de maio de 2013
VIDEO SOBRE TROVADORISMO (Seminário realizado por alunos do Ensino Médio)
TAGUIAR1818. Trovadorismo. Disponível em:<http://www.youtube.com/watch?v=udzqkuPyjyU>. Acesso em: 01 de mai. 2013
Postado por Edna Maria Borges
quarta-feira, 17 de abril de 2013
CANTIGAS MEDIEVAIS GALEGO - PORTUGUESAS
Este site contém um acervo maravilhoso sobre Canção Trovadoresca, nele é possível ouvir, ler a letra, partitura, dados de CDs e diversas informações sobre o Cantigas Medievais:
http://cantigas.fcsh.unl.pt/versaomusical.asp?cdvm=114
http://cantigas.fcsh.unl.pt/index.asp
Cantiga Original Ondas do Mar de Vigo
Intervenientes Compositor: Martim Codax Director: Paul Hillier Canto: Paul Hillier Produtor: Manuel Pedro Ferreira Transcrição da cantiga: Manuel Pedro Ferreira |
se vistes meu amigo?
e ai Deus, se verrá cedo?
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado?
e ai Deus, se verrá cedo?
Se vistes meu amigo,
o por que eu sospiro?
e ai Deus, se verrá cedo?
Se vistes meu amado,
o por que hei gram coidado?
e ai Deus, se verrá cedo?
THEATRE OF VOICES com Andrew Lawrence-King, Cantigas – Martin Codax. Jaufre Rudel. Dom Dinis - CD1 – Songs of Martin Codax & Jaufre Rudel
Paul Hillier
Faixas
2 - Cantiga I Ondas do mar de Vigo
Direcção musical: Paul Hillier; Transcrição da cantiga: Manuel Pedro Ferreira; Produtor: Manuel Pedro Ferreira
Canto: Paul Hillier
3 - Cantiga II Mandad’ei comigo
Transcrição da cantiga: Manuel Pedro Ferreira; Direcção musical: Paul Hillier; Produtor: Manuel Pedro Ferreira; Editor: Manuel Pedro Ferreira
Canto: Paul Hillier
4 - Cantiga III Mia irmana fremosa
Transcrição da cantiga: Manuel Pedro Ferreira; Direcção musical: Paul Hillier; Produtor: Manuel Pedro Ferreira; Editor: Manuel Pedro Ferreira
Canto: Paul Hillier
5 - Cantiga IV Ai Deus, se sab'ora meu amigo
Transcrição da cantiga: Manuel Pedro Ferreira; Direcção musical: Paul Hillier; Produtor: Manuel Pedro Ferreira; Editor: Manuel Pedro Ferreira
Canto: Paul Hillier
6 - Cantiga V Quantas sabedes amare amigo
Transcrição da cantiga: Manuel Pedro Ferreira; Direcção musical: Paul Hillier; Reconstrução da melodia: Manuel Pedro Ferreira; Produtor: Manuel Pedro Ferreira
Voz declamada: Paul Hillier
7 - Cantiga VI En’no sagrado Vigo
Direcção musical: Paul Hillier
Voz declamada: Paul Hillier
8 - Cantiga VII Ai ondas que eu vin veere
Transcrição da cantiga: Manuel Pedro Ferreira; Direcção musical: Paul Hillier; Produtor: Manuel Pedro Ferreira; Editor: Manuel Pedro Ferreira
Canto: Paul Hillier
PROJETO LITTERA. Cantigas Medievais Galego - Portuguesas. Disponível em: http://cantigas.fcsh.unl.pt/index.asp. Acesso em 17 Abr 2013
Postado por Maria dos Anjos
Olá, Pessoal
Nos links abaixo vocês podem ler e ouvir algumas cantigas trovadorescas. Profa. Ligia quem indicou
http://www.agal-gz.org/modules.php?name=Biblio
http://cantigas.fcsh.unl.pt/versaomusical.asp?cdcant=592&cdvm=98
Postado por Sandra
Nos links abaixo vocês podem ler e ouvir algumas cantigas trovadorescas. Profa. Ligia quem indicou
http://www.agal-gz.org/modules.php?name=Biblio
http://cantigas.fcsh.unl.pt/versaomusical.asp?cdcant=592&cdvm=98
Postado por Sandra
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